QUE LEITOR SOU EU?
Uma reflexão sobre ser
leitor me faz pensar de como família e escola tem a ver com a formação de
leitores. Perguntas como que leitor sou
eu; que recordações tenho de minhas leitura no passado e o que leio atualmente confirmam esse
pensamento. Já relatei de como se deu minha experiência com o mundo da leitura
e da escrita e quero aqui descrever minha vida entre livros. Na minha caminhada
como professora do Ensino Fundamental era comum ouvir entre os docentes a frase “O hábito de leitura começa em casa”,
concordo com a frase, mas penso que nem todo leitor tem os mesmos hábitos e nem
toda família introduz as crianças da mesma forma no universo da leitura. Tive
um pai que lia e incentivava deixando os poucos livros que tínhamos sempre ao
alcance dos filhos, havia prazer e interpretação em sua leitura que me
encantavam. Com meus alunos, tentava transmitir ao máximo o prazer de ler e tinha o
costume de andar entre as carteiras enquanto lia deixava sempre e um acervo à disposição da
turma e quem terminasse as lições podiam desfrutar de um tempinho a mais entre
os livros, então era comum ver alunos lendo e andando no fundo da sala. Certa
vez perguntei a um aluno porque fazia assim. Ele me respondeu que dessa forma
ele entendia melhor e porque era assim que eu lia! Interessante, esse aluno
chegou ao quarto ano sem dominar a leitura e para mim ele podia andar o quanto
quisesse com um livro nas mãos, pois era imensamente gratificante vê-lo participante desse mundo
mágico. Posso afirmar que ler é enxergar além das palavras. Por isso vou
registrar mais de minhas lembranças infantis. Recordo-me com saudosismo da
leitura noturna ao redor da mesa. Líamos o Salmos 23, uma leitura davídica e ao
ler “... deitar-me faz em verdes
pastos... guia-me mansamente às águas tranquilas...”me deliciava com cenas
que me levavam a lugares lindos, agradáveis, mas esse sentimento dava lugar à
tristeza, pois entrava o “...vale da
sombra da morte...”, a cena era de um lugar triste e sombrio. Terminava a
leitura confortada: “... Não temerei mal
algum porque Tu estás comigo” Tais cenas sempre se repetem. Minha mãe tinha
um livro que ela escondia bem. Mas descobri o tal aos nove anos e quis lê-lo.
Serões do Tio Silas, era o nome do livro. Li escondido e na minha leitura,
incorporava a personagem Solange, moça culta, educada, prendada e apaixonada,
acho que ela escondia por conta do romance, mas era preciso muita atenção, ler
nas entrelinhas, havia muita discrição. E o que dizer dos poemas nos livros
escolares! Canção do Exílio de Gonçalves Dias, Meus Oito Anos de Casimiro de
Abreu me encantavam. Os contos e recontos contribuíram para a perpetuação em
minha memória e é assim, também, que valores, conhecimentos e crenças são
transmitidos a outras gerações. Tenho filhos e netas leitores.
“Minha alfabetização não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e frases
ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal” Paulo Freire
Um rico e abençoado domingo a todos!!
Ótimo post, Dirce!
ResponderExcluirAssim como você, meu pai também me incentivou a leitura desde criança.
Lembro-me que nos meus aniversários em vez de pedir brinquedos, pedia livros.
Meu pai embora tivesse completado apenas o antigo primário, sempre gostara de ler. Sempre teve a vontade do saber.
Acredito também que além do incentivo de outros, o hábito de leitura é algo condicionado à pessoa.
Agradeço ao meu pai o incentivo que me deu na infância, e que repassei à minha filha.
Tenha um ótimo domingo!
Bjksss
Ao contrário de muitos, eu precisei lutar para conseguir ler. Não existia para mim literatura infantil, e as de adulto eram inacessíveis. Insisti muito. Folheava revistas Manchete, Cruzeiro, A sertaneja e os jornais que envolviam a carne do açougue.
ResponderExcluirQuando leio relatos assim como o seu, fico admirando o carinho dos seus pais na sua formação e no resultado que isso causou. Uma pessoa grata e terna com eles, que repassou aos seus o mesmo carinho e cuidado da leitura da qual teve.
beijos
Zizi