domingo, janeiro 20, 2013


Meus quatros anos... Escritos de domingo

5
Olá minha gente querida!!! Venho compartilhar mais um pouquinho de mim  com todos vocês.


Meus quatro anos...
Uma das lembranças mais forte que guardo da infância, foram os dias vividos com minha querida e saudosa avó materna. Era negra, alta e magra. Com longos cabelos, filha de índio. Como eu a amava! Guardo com carinho enorme a lembrança dos fins de tarde que apreciávamos juntas. Ela cozinhava três ovos, um para ela, uma para mim e outro para meu irmão. Pegava uma xícara pequena de porcelana sem a alça, colocava sal e saíamos para o “lenheiro”, lugar onde ficava a lenha. Sentávamos no lugar mais alto e ali saboreávamos os ovos e víamos a tarde ir embora descrevendo as cores do entardecer. De repente não tinha mais ovo cozido. Não que não houvesse os ovos. Mas, a cozinheira desistiu de cozinhar, não por vontade própria, mas porque chegou a hora de parar. Só restava guardar a lembrança de um rosto querido. Ovo cozido perdeu o sabor. Não, não foi só o ovo que perdera o sabor, não. A casa perdeu o cheiro, o quintal ficou triste, as pessoas perderam o encanto. Nesse tempo procurava insistentemente pela minha avó. Lembrava de que ela havia me ensinado que as pessoas um dia vão morar com Jesus. Ela tinha essa certeza de que um dia estaria na presença dele. Então, eu a procurava na imensidão do céu azul. Naquele tempo o velório era feito em casa e por mais que minhas tias não deixassem ir para a sala, lembro de que escapei, arranjei um cantinho, mas pequena, em meus quatro anos só via o caixão, em minha lembrança infantil ele era azul claro com alguns detalhes em branco. Desenhei em minha cabecinha esses detalhes como nuvenzinhas e essas nuvenzinhas nos meus sonhos transformavam-se em ovelhinhas. E essa busca sempre terminava comigo escolhendo a nuvem mais bonita do céu e dava-lhe o nome de Vó Adelina. Minha avó faleceu em 09 de agosto de 1964, nesse dia eu completava quatro anos...

5 comentários:

  1. Dirce,

    Sua avó devia ser uma pessoa especial, seu jeitinho de tomar café lembrou bem a minha falecida mãe.
    As nuvenzinhas também fizeram-me lembrar de um acontecimento na infância...
    Só que no meu caso foram as estrelas no céu.
    Me vi no velório da mãe de uma amiga da família, uma senhora negra, baixinha e muito boa.
    Numa determinada hora sai do interior da sala onde era velado o seu corpo e fui sozinha até o quintal, sentar na soleira da porta, na cozinha.
    Preocupada com meu sumiço, minha irmã saiu à minha caça e encontrou-me olhando para o céu estrelado.
    Perguntou o que eu observava no céu naquela noite triste. E eu respondi baixinho: Dona Maria que virou uma estrela...
    Ah, acredito que desde criança éramos sensíveis à flor da pele!

    Bjksss



    ResponderExcluir
  2. Que linda (apesar de triste) memória!
    Nossos avós queridos certamente nos guardam, de onde que que estejam.
    Fiquei emocionada.
    Abraço

    ResponderExcluir
  3. Que linda homenagem, é sempre bom recordar aqueles que marcaram tanto nossa vida...
    Bjos, amiga!
    Mari.

    ResponderExcluir
  4. Dirce
    que linda lembrança você guardou de Dona Adelina, sua avózinha querida!
    Quando quiser vê-la é só olhar para o céu, haverá sempre lindas nuvens pra acalentar sua saudade.
    beijo
    Zizi

    ResponderExcluir
  5. Dirce, que emocionante seu escrito de hoje. Minha avó também se chamava Adelina, mas não tive contato com ela, com nenhuma das avós. Uma morava em outro país e a outra era distante por si. Invejo quem teve avós por perto e tem boas lembranças. Essas lembranças valem uma vida.
    Abraços

    ResponderExcluir

Diz o que achou. Gosto muito quando me deixam seus recadinhos, comentários...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...