sábado, novembro 24, 2012


Perdoar? Sim, perdoar!!! -Escritos de domingo

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Olá minha gente querida!!! Cresci, até aos quatro anos de idade, cercada de muito carinho e mimos por minha avó materna. Infelizmente ela faleceu no dia do meu aniversário de quatro aninhos! Tenho ótimas recordações que vêm à mente, algumas de forma intensa outras só fragmentos. Mas não é dela que quero falar hoje. 


Perdoar? Sim, perdoar sempre!!

Quero falar de meu avô. Um homem forte, autoritário e, por muito tempo mulherengo. Com a morte de minha avó, veio o inventário e aí a família descobriu que estava miseravelmente pobre. Meu pai que sempre trabalhava para ele cuidando das terras e dos “peões”, nunca tomou conhecimento da real situação. Tínhamos uma casa bonita e confortável, alimentação e o pagamento de vez em quando, mas nunca nos faltou nada. Minha mãe sempre reclamou com meu pai a situação, mas ele sempre foi “sossegado” demais. Bem, sem nada, meu pai aventurou-se a começar de novo a vida no Paraná e para lá fomos. Aos seis anos compreendia muito a situação e com as conversas que ouvia às escondidas, sim, pois eu queria entender tudo a respeito dessa brusca mudança: tinha casa bonita e confortável e agora morava em numa casa de chão batido como piso, tabuinhas em lugar de telhas, meus lindos vestidos de lase e sapatinhos de verniz davam lugar às chitas e alpargatas, minha escola bonita, pintada, agora era um salão feio e sem cor. Desenvolvi dentro de mim, ainda na minha infância, muita raiva do meu avô e a ele passei a atribuir toda tristeza que sentia. Via-o muito pouco e não tinha saudades dele. Mesmo percebendo que meus pais já o tinham perdoado e aprendendo sobre o perdão eu não conseguia e decidi na adolescência guardar esse sentimento (como se fosse possível) em uma alguma gavetinha do meu cérebro e trancá-la muito bem. Assim ficou por anos. Mas no fim dessa fase e início de minha juventude, esse sentimento reapareceu.  Casei-me e com a mudança para São Paulo, via meu avô com mais frequência, conversávamos muito e eu tentava não deixar o tal sentimento (ruim) aparecer. Um dia lendo a Bíblia, Deus tocou muito o meu coração (mente). Eu tinha que acertar a situação. Ele já estava morando com minha mãe, pertinho de mim. Então um dia preparei um jantar com o cardápio mais apreciado por ele: arroz, feijão, bife acebolado, batata frita, salada de tomate com bastante cebola e pimenta do reino e de sobremesa goiabada. Mesa pronta com a minha melhor louça, todos ao redor da mesa e antes da oração, eu disse: “ Vô... eu preciso dizer-te que eu o perdoo. Guardei no meu coração (mente) por muito tempo um sentimento muito doloroso pelo senhor. Acreditei que todo sofrimento do meus pais, meu e de meus irmãos foi causado por suas atitudes no passado. Mas fui tocada pelo Senhor Deus e já pedi perdão a Ele e aqui estou para dizer que não guardo mais esse sentimento, que perdoo e peço perdão. Quero dizer que te amo e quero tê-lo sempre perto de mim e que quero jantar contigo em minha casa toda semana”. Foi o momento mais maravilhoso que já vivi. Tirei de sobre mim uma tonelada! E por mais de dez anos desfrutei de momentos inesquecíveis com ele. Estava comigo na apresentação de minha primeira neta na igreja. Tomou-a em seus braços e orou por ela. Ele se converteu a Jesus e pode viver uma vida muito diferente por três décadas. Faleceu em 2001 aos oitenta e quatro anos. Aprendi muito sobre perdão. O perdão nos liberta! O grande rei Davi cantou um dos mais belos salmos sobre a felicidade de quem perdoa e é perdoado. “Enquanto eu calei... envelheceram os meus ossos...” Salmo 32. Graças ao bondoso Deus, não tenho mais dificuldade em perdoar, entendi que se não perdoo, a perda é grande, ó PERDÃO.  Perdoar sempre, é o melhor.

6 comentários:

  1. Oi Dirce!

    Seu relato lembrou bem as velhas histórias de minha mãe...
    Meu avô materno era português, nascido em Porto. Minha avô materna, negra brasileira. Ambos tiveram 05 filhos, dois tornaram-se eram músicos.
    Cresci ouvindo de vez em quando as mágoas que minha mãe tinha do seu falecido pai.
    Homem abastado, abandonou a família e sumiu do mapa.
    Sua mãe criou sozinha os filhos sob duras penas.
    No seu testamento, o meu avô materno deixou uma merreca à família, pois em vida teve a coragem de doar os seus bens à Irmandade.
    Lembro-me nos dias em que íamos ao Cemitério da Saudade, ela apontava a enorme quadra que o seu pai fora sepultado (na quadra dos beneméritos da Irmandade), mas nunca dizia em qual sepultura.
    Nunca senti ódio nas suas palavras, mas uma grande mágoa, e com razão.
    Perdoar não significa esquecer, mas anula a mágoa, a raiva, e até o ódio que, porventura, a pessoa venha sentir por alguém.
    É um ato nobre, com certeza! Porque não é fácil em determinados casos, e dependendo da situação até entendo se isso não ocorrer.
    Mas, por outro lado, a Medicina deixa claro que ressentimentos causam males à saúde física.
    Todas as religiões atestam também que isso provoca pertubações à área espiritual.
    Portanto, sua atitude foi nobre e bonita, pois resolveu a questão antes do seu avô partir!
    Parabéns!
    Certamente, ele foi em paz e você também ficou em paz!

    Tenha um excelente domingo!

    Bjksss

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  2. Lindo Dirce! Sim, perdoar é necessário e é libertador.
    Perdoar é difícil as vezes, e na maioria das vezes é quem mais amamos que temos que perdoar.
    Abraço.

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  3. Oi Dirce, que lindo relato, me fez lembrar que também já cultivei sentimentos tristes, até mesmo pelo meu pai, mas com ajuda do marido e do Senhor, em um determinado dia dos pais, liguei pra ele e desejei um feliz dia dos pais, e ele soube nesse dia que eu o perdoava. Me sinto bem por isso, e por saber que meu filho conheceu o avô e teve contato, e um dia não serei cobrada por isso! Nessa vida temos mesmo que perdoar muitas coisas, eu ultimamente tento nem lembrar de coisas tristes!!

    Essa semana vou em busca da minha penteadeira, e se der certo mostro sim no blog!!
    Bjos e um bom começo de semana!!

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  4. Que mensagem tão bonita Dirce e agora tão perto do Natal.
    Tudo de bom para você e para os seus.
    Carinho
    Cristina

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  5. Dirce, que lindo depoimento sobre o perdão.
    Acredito que quando perdoamos alguém, estamos nos perdoando também. O perdão é mútuo.
    Para que complicar a vida, não é?
    é tão simples! Mas infelizmente guardamos no coração alguns rancores que depois de dissipados é que nos tornam leves e felizes.
    Ainda bem que você livrou-se do rancor e pode viver momentos felizes com seu avô.
    beijos
    Zizi

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  6. Oi flor, tudo bem? passei para conhecer o seu blog gostei muito e já estou te seguindo, também sou Blogueira Unida, e te convido a conhecer meu cantinho e se gostar me siga também... www.bybeiju.blogspot.com.br e bjim e até lá!

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